domingo, 16 de maio de 2010

Convocatória para Reunião em Castro Verde




Caros/as companheiros/as


Está a ser preparado, para o mês de Novembro, em Palmela, um grande congresso
do Associativismo e da Democracia Participativa, para aprofundar conceitos,
formular reivindicações e clarificar estratégias sobre o associativismo e a
democracia participativa.

São intenções, desde já:

1º - Dar corpo a um movimento amplo de associações, condição necessária à sua
visibilidade, à construção da capacidade reivindicativa que se impõe, e a que
surja como um facto politico incontornável de 2010.

2º - Caminhar para a estruturação do que designamos por “Pensatório” incidindo
sobre o sentido e a natureza do Associativismo, da Democracia participativa e
da cidadania (e em que se torne claro o pensamento crítico que anima o
movimento).

3º - Orientar a reflexão e a acção das associações para a promoção e
participação das comunidades locais, e para a resolução dos seus próprios
problemas, enquanto condição de reforço da democracia e do exercício da
cidadania.

4º - Dar corpo a estratégias de interacção com a Democracia Representativa e o
Estado, de que possa resultar não apenas a requalificação destes como a
sustentabilidade e o reconhecimento do papel social do Associativismo e da
democracia Participativa.

5º - Possibilitar a autoconsciencização do movimento associativo nomeadamente
no que se refere à exigência de surgir não só como promotor mas também como
produtor de cidadania.

Importa, portanto, mobilizar e reunir neste processo de construção colectiva as
associações e organizações do país. Neste sentido vimos convidar-vos para
participar numa reunião/reflexão/debate da região do Baixo Alentejo e Alentejo
Litoral sobre estes ou outros temas no próximo dia 18 de Maio de 2010 às 18.00
horas em Castro Verde nas instalações do Centro de Apoio ao Desenvolvimento da
Esdime. Esta reunião contará com a presença de Rui D'Espiney, membro da
Comissão Promotora do Congresso.


Mais informações sobre o Congresso em
http://movimentodoassociativismo.blogspot.com


Agradece-se confirmação de presença por email para david.marques@esdime.pt ou
por telefone para o 93 2950013.



Saudações associativas


Pela Direcção da Esdime

David Marques

4 comentários:

  1. Considero que o reforço da localidade é um aspecto central da democracia participativa. Regozijo-me por ver as associações reunirem-se para fomentar agendas do tipo, “Orientar a reflexão e a acção das associações para a promoção e
    participação das comunidades locais, e para a resolução dos seus próprios
    problemas, enquanto condição de reforço da democracia e do exercício da
    cidadania.”

    É neste capítulo que se inserem as propostas que se seguem:
    i. Em Coimbra está a ser criada uma Agência de Inovação Social. A ideia de criar uma estrutura que investiga e discute esta temática é excelente. Não conheço os promotores, mas considero que o congresso é uma excelente oportunidade para conhecer melhor este projecto;
    ii. O sistema económico criou o sistema de “ninhos de empresas”, porque é que esta rede não pensa em criar uma sistema equivalente de “incubadoras de associações”. Este pode ser um projecto de colaboração com a Associações Nacional de Municípios.
    iii. Já falei da importância da colaboração com a imprensa e rádios locais. Talvez seja útil ouvir a Associação Portugesa de Imprensa. Mas vou mais longe, a prazo, vejo como mecanismo essencial para a sustentabilidade do movimento associativo a criação de uma TVonline e uma Agência de Notícias para o universo associativo. (constatei entretanto que num comentário já foi proposta a criação de uma TV) Uma rede tem capacidade que as associações isoladamente não têm. Desta forma será possível gerir conteúdos, ficar com os meios de produção na mão e trabalhar sobre todas as plataformas de disponibilização de conteúdos: tv`s, net, telemóveis, ipodes, ipades, etc. Com benefícios em termos comerciais e de futuro financiamento das associações;
    iii. Financiamento por mecenato é um desafio. Também já o mencionei em comentários anteriores. O mecenato é também uma medida directa da representação social e compreensão dos méritos das associações. A valorização do mecenato implica um diálogo mais profundo e directo com vários sectores sociais e económicos.
    iv. Falta introduzir na agenda do movimento, para além do combate à exclusão e à desigualdade, a reflexão sobre as forma como podem contribuir para o desenvolvimento económico local. Demonstrando-o por intermédio de estudos e exemplos.

    Abraços, Ricardo

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  2. Está para breve a 1ª reunião de Lisboa. Para tal, deixo um motivo para pensar sobre a importância das associações nas sociedades.

    “Uma sociedade formada por um número infinito de indivíduos atomizados, que um Estado hipertrofiado se vê forçado a oprimir e a conter, constitui uma verdadeira monstruosidade sociológica [...] Mais ainda, o Estado situa-se muito longe dos indivíduos; a sua relação com eles revela-se demasiado exterior e intermitente para penetrar profundamente nas consciências individuais e socializá-las por dentro [...] Uma nação só poderá ser mantida se entre o Estado e o indivíduo existir todo um conjunto de grupos secundários suficientemente próximos dos indivíduos para os atraírem decisivamente para a sua esfera de acção e os arrastarem, deste modo, para dentro da corrente geral da vida social. Acabámos de mostrar como os grupos ocupacionais estão vocacionados para assumirem este papel, e é esse o seu destino.”

    Emile Durkheim, A divisão do trabalho na sociedade

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  3. É hoje à noite a 1ª reunião de Lisboa. Partilho de antemão a minha reflexão para essa reunião.

    "Vivemos numa selva, é o vale tudo! O salve-se quem puder! Está cada um por si!"

    Afirmações como estas são ouvidas quase quotidianamente e em múltiplos locais. São reveladoras de um sentimento de impotência, gerado pela percepção, de quem as afirma, de que os outros - a maioria dos outros – são movidos pelo interesse próprio, egoista, sem respeito pelas necessidades e espectativas dos outros. Incluido as espectativas do próprio que expressa este sentimento.

    Com isto concluo que está instalada uma cultura de egoismo. Só não sei se esta percepção correponde efectivamente ao comportamento maioritário dos cidadãos portugueses. Será uma pura percepção repetida até à exaustão? É verdade que hoje as pessoas são mais egoistas do foram no passado? Não tenho resposta para esta questão. Mas tenho a certeza que muita gente acredita que de facto hoje vivemos numa cultura egoista. E esse sentimento é suficiente para colocar entraves à sociedade, e deve ser combatido.

    Ou combatemos porque não correponde à realidade, ou, independentemente de ser ou não verdadeiro, combatemos esta propaganda porque só fortalece estes sentimentos negativos. A grande maioria das pessoas adapta-se àquilo que a maioria diz, se ouvimos muitas vezes dizer que os comportamentos das pessoas são egoistas, vamos criar uma dinâmica mental que confirmará essa realidade. Esse é um factor sócio-cognitivo importante. Vamos passar a “ver” com maior frequência a dimensão egoista das pessoas em deterimento da sua dimensão altruista. Contudo, o problema pode não ser apenas de percepção, no balanço dos comportamentos do cidadão pode ser intensificada efectivamente a sua dimensão mais egoista. Em resumo: sejam estas afirmações ajustadas ao comportamento real das pessoas ou uma percepção criada pelo ambiente comunicacional, a verdade é que se instalou um forte sentimento de desconfiança.

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  4. Esta questão, que é muito delicada, pode ser fundamental para a função e valorização social do movimento associativo. As associações podem ser parte da solução para este problema.

    Por detrás destas afimações está o assunto da coesão. O tema “coesão” é tratado com frequência no quadro das linhas divisórias entre o rico e o pobre, o protegido e o desprotegido, o forte e o fraco. Assim me parece, pelo menos. Mas estas expressões acima referidas permitem abordar o tema coesão num outro prisma: na linha que divide uma sociedade que é capaz de produzir colaborações com facilidade ou não. Uma sociedade que intensifica regularmente as sinergias entre diferentes agentes da mesma comunidade e entre agentes de comunidades diferentes.

    Considero ambas as abordagens determinantes para a compreensão e intervenção sobre os problemas sociais. Mais: acredito que para conseguir minorizar os problemas inerentes à concepção mais frequente, é necesssário resolver os problemas que advém da outra visão. Só uma sociedade coesa, que gera sinergias comunitárias e trabalho em equipa, é capaz de resolver os problemas da inequidade. Porque é o primeiro que cria capacidade de resposta social e organizativa. Embora, seja verdade que o sentimento de empatia gerado pela discussão e valorização do problema da desigualdade seja determinante para orientar essa capacidade.

    As associações entram nesta equação porque me parece que podem fundir ambas as dimensões do problema da coesão. A comunidade de associações, pelas suas características intrínsecas e missão, pode e deve ser uma escola que promove a ética do comunitarismo, do espírito de colaboração e de aprendizagem dos seus mecanismos efectivos - sociais e administrativos. Pode fazê-lo demonstrando os benefícios, que essa cultura mais equilibrada entre colaboração e competição, conferem ao cidadão individual. Nomeadamente, a noção de que um país que não desiste de nenhum cidadão é uma país que não vai desitir de nós quando, por qualquer circunstância da nossa vida, ela não correr tão bem como esperavamos. Portanto, a promoção da coesão-igualdade/inclusão é um tipo de seguro (social) de vida. Para além do mais, é cada vez mais evidente a relações entre coesão social e desenvolvimento económico.

    As associações devem ser e têm a oportunidade de se apresentar como uma comunidade com capacidade para simultaneamente fortaleçer os laços sociais e combater a desigualdade e a exclusão.

    Abraços, bom trabalho

    Ricardo

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